Começou com o desejo de perder 3 kg para ficar melhor em suas roupas. Conseguiu diminuir 3,5kg. Tudo parecia bem até retornar ao peso anterior, então se foi a tranquilidade… Histórias assim são bem comuns, porém algumas podem resultar em situações de muita dor e perda.
A literatura sobre o comportamento alimentar indica que após um período de privação de alimentos e significativa redução de peso a fixação por magreza pode ocorrer. Jovens que fazem regime rigoroso para emagrecer podem abrir as portas para os transtornos alimentares, como Bulimia e Anorexia Nervosa. No início são cortados apenas alimentos muito calóricos, contudo cada vez mais se eliminam grupos de alimentos essenciais para a própria manutenção da vida.
Antes de nos determos nas situações mais comuns da anorexia, é necessária uma apresentação formal. De acordo com os manuais de classificação de transtornos mentais (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais- DSM V e Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde- CID 10) existe o transtorno de Anorexia nervosa quando há um medo acentuado de engordar aliado a estratégias nada viáveis para se manter magro. O termo anorexia significa ausência de fome ou apetite, porém no início do transtorno há fome e vontade de comer, mas a pessoa com o transtorno se recusa a comer por medo de engordar e luta contra o apetite.
As características da Anorexia são:
– medo patológico de engordar
– perda de peso constante e intencional;
– distorção exagerada da imagem corporal, a pessoa tem certeza que está gorda mesmo com vários indícios de que não está;
– excesso de exercícios sem prazer pela atividade, atividade é feita isolada, como uma purgação pelas calorias ingeridas e com duração variando conforme a quantidade de comida ingerida;
– é comum o isolamento social e fuga de qualquer atividade que envolva comida.
Agora que sabemos o nome completo do transtorno e fomos apresentados formalmente já podemos chamar pelo apelido: Ana. Ana é o apelido que circula nas redes sociais para se referir à anorexia. Várias garotas falam dessa “Ana” como uma amiga. Muitas garotas só andam com a Ana e não pedem ajuda para sair dessa situação, ao contrário, elas omitem e escondem o máximo possível para não serem descobertas.
A rotina de uma jovem com anorexia (uso o feminino porque é mais comum em garotas jovens) é aparentemente normal, vão à escola, fazem exercício, conversam com pais e gostam de passar tempo nas redes sociais. Aparentemente um adolescente qualquer. A questão é que apesar de fazerem todas essas atividades elas se excedem na atividade física para evitar engordar, deixam de tomar água para não aumentar a barriga, ficam dias sem ingerir considerável valor energético ou se permitem apenas mascar chicletes e tomar água com gás.
A comida se tornou inimiga. Além das próprias regras sobre baixa alimentação, ainda se atualizam em grupos específicos, em blogs e grupos formados no whatsapp. Nestes locais há trocas de “receitas” e incentivos para continuar a dieta. Dentre as receitas indicadas há a prática de cutting (palavra inglesa que se refere à automutilação). A indicação é de que caso se sinta mal pela dor da fome se corte que a dor passa. É absurdo tratar um sintoma saudável de estar vivo (a fome) com cortes superficiais na pele, mas demonstra o quanto os jovens se sentem perdidos e desesperados para emagrecer. Tanto a anorexia quanto o cutting precisam de atenção de uma equipe de saúde, com psicólogo (no caso do cutting) e também de psiquiatra e nutricionista.
Observar vários aspectos da vida do jovem como a presença de amigos próximos, proximidade dos pais, dificuldades na escola, problemas interpessoais ou falta de habilidades sociais e o quanto valorizam a aparência pode prevenir vários problemas sérios e também o transtorno da anorexia.
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