Sou psicóloga e professora do curso de psicologia. Esse mês duas estudantes me procuraram, não para pedir auxílio para si mesmas, mas para saber como ajudar alguém que conhecem e de que gostam. Decidi escrever um texto para que outros estudantes de psicologia que estão ouvindo a dor de pessoas, solidarizam-se e querem ajudá-las.
Para iniciar, quem é o estudante de psicologia? A minha convivência com colegas e alunos me faz ver que quem procura fazer psicologia tem um profundo interesse pelas pessoas, quer compreendê-las para ajudá-las da melhor forma possível. Logo nos primeiros semestres, com o contato com os conteúdos, leituras fascinantes e provocativas, a vontade de ser um profissional que ampara a dor só aumenta. A capacidade de reflexão e de empatia são muito estimulados.
Nesse contexto, as pessoas em volta como familiares, amigos e colegas se sentem mais a vontade para partilhar incertezas e aflições com esse profissional que ainda está imaturo e inexperiente. Embora deseje ardentemente ser útil e queira ver todos bem. É natural que o aluno de psicologia se torne referência como alguém que não julgará e que poderá indicar um bom caminho. Essa responsabilidade pesa ao aluno de psicologia.
Agora deixo meu conselho de “tia velha”, de pessoa mais vivida e que está mais calejada. Como aluno de psicologia, você vai ouvir mais dores e desabafos do que antes. Vai se atribuir maior responsabilidade sobre a vida de pessoas amadas do que antes. Porém, precisa ter atenção com sua maturidade e conhecimento profissional que ainda estão em formação. Lembre-se de que o curso tem cinco anos. Um curso longo, para dar tempo de propiciar autoconhecimento e os primeiros controlados e sob cuidados de outro mais experiente. Eu sei, a dor do outro é urgente. Vou dizer qual é o papel do estudante de psicologia nesses momentos:
– reconhecer a dor do outro
-ouvir com atenção sem julgar
– esclarecer as formas de cuidados que a pessoa deve ter
– ajudar na procura de um profissional (se for o caso).
Informar é cuidar. Dar boas orientações é prover auxílio. É grande a demanda que colocam sobre os ombros do estudante de psicologia, contudo, reconhecer a limitação (pela proximidade com quem sofre e por estar iniciando) é ser responsável com a vida. Sabe o auxiliar do Batman, o Robin, ele faz o que é possível diante do que ele pode no momento. Ele colabora para o efeito final de salvar o dia. Ser estudante de psicologia é algo parecido. O bem feito não se mede pela visibilidade, mas pela ajuda certa no momento decisivo.
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