Há pouco tempo atrás a adolescência era considerada apenas uma etapa de transição entre infância e idade adulta. A adolescência já foi descrita também como momento turbulento, tempestade de hormônios, resumidamente: o caos. Atualmente é entendida como um momento crucial para o desenvolvimento da pessoa.
Na infância costuma-se ter pouca opção de escolha sobre coisas que afetam a vida, já na adolescência cada vez mais se é estimulado a escolher caminhos e responsabilizar-se pelas decisões. Observa-se que uma simples roupa, que na infância é facilmente aceita pelas crianças mais novas, passa a receber muita atenção e é objeto de horas de dedicação para que passe a imagem exata que o adolescente quer transmitir. As horas arrumando o cabelo costumam ter a finalidade de externar uma identidade própria (em construção durante toda a vida), mas algo dele, que o represente e o diferencie do que não é. E a construção consciente da identidade é descoberta nessa etapa da vida.
A família, os grupos em que se está inserido e instituições como a escola interagem com fatores individuais na formação da pessoa, mas nem por isso a percepção da importância da própria construção parece menos ameaçadora a quem ainda não tem tantas experiências. Mesmo na repetição dos valores familiares há algo novo, algo que é único do jovem. Ele testa novos valores, reflete e questiona, já não replica automaticamente o que aprendeu em casa.
Na adolescência que se inicia a formação consistente da identidade pessoal e profissional. Ambas as identidades se mesclam e uma interfere na outra. Quanto mais o jovem se conhecer, mais fácil será compreender e definir sua identidade profissional.
O jovem passa por uma crise de valores. Tanto é que alguns autores, como Erik Erikson, descrevem a fase como uma crise vital pela qual todos passam. Crise aqui entendida como um marco necessário ao desenvolvimento.
Crise vem do grego Krisis, o ato ou faculdade de distinguir, escolher, decidir e/ou resolver. A crise não é algo intrinsecamente ruim ou bom.
O ideograma de crise, em chinês, é derivado de dois ideogramas que correspondem a 1- risco e caos e 2-ponto crítico e oportunidade. As mudanças, que o avançar do tempo nos forçam a viver, se encaradas com otimismo podem ser oportunidades, mas podem ser vistas como ameaças gerando paralisação diante do novo.
Crise e oportunidade são os dois lados da mesma moeda. Quem enxerga crise, obtém crise. Quem enxerga oportunidades, colhe oportunidades. Cabe a cada um interpretar como vai enxergar os momentos de tomar decisões importantes. O que está acontecendo é uma crise ou momento crítico?