Ao iniciar o uso de entorpecentes a vida da pessoa está como sempre foi. No começo o usuário consegue manter sua vida de modo habitual, por algum tempo. Saí com os amigos, estuda, pratica esportes e etc. Quanto mais se envolve com drogas mais ela se torna importante e central na vida do sujeito. As maiores preocupações passam a ser a aquisição, uso e disfarce dos efeitos para os pais. Quando se dão conta já perderam muito.
Com a anorexia e bulimia ocorre o mesmo. Quanto maior fica a obsessão por emagrecer, menos coisas importantes e boas a pessoa realiza. Ela se isola das pessoas próximas para tentar atingir um ideal tal qual um usuário se isola para o consumo de drogas.
Usuários de drogas que alteram drasticamente seu comportamento costumam afirmar que fazem uso de substâncias de modo racional, que sabem quando e quanto usar. Quanto mais usam entorpecentes menor controle têm sobre a quantidade do uso. Acreditam que têm as rédeas de suas vidas, mas não enxergam os sinais de que muitas mudanças aconteceram nem o quanto precisam sacrificar para manter o uso.
Nos Transtornos alimentares como Anorexia e Bulimia quanto mais o jovem crê que precisa da Ana e Mia menos liberdade tem para escolher o que fazer. Seus comportamentos passam a ser ditados por regras externas. Não há mais escolhas autênticas nem controle sobre a própria vida.
As mentiras começam simples e esporádicas, porém com o tempo ficam mais frequentes e complexas. Dizer a verdade deixa de ser importante. O fundamental é ter a sensação do uso do narcótico.
Nos transtornos alimentares as mentiras passam a ser comportamentos considerados necessários para vencer a fome e atingir o peso desejado sem que ninguém atrapalhe.
A droga é considerada inócua diante da suposta força individual para lidar com ela. A sensação de onipotência ou pensamento mágico que alguns jovens têm facilita comportamentos de risco para obter prazer. Infelizmente, é comum que só ao chegar no fundo do poço o usuário peça ajuda.
Na anorexia e bulimia os riscos são desprezados diante do fascínio pelo emagrecimento. Às vezes, só na crise, diante do risco iminente de morte que jovens se dão conta de que precisam de ajuda.
O comportamento de pessoas que apresentam transtornos alimentares é bastante similar ao comportamento de pessoas com problemas com drogas, como as mentiras, isolamento e afastamento da família. A comparação entre os problemas tem como finalidade mostrar que os transtornos alimentares dificultam a adesão ao tratamento. O tratamento tende a ser longo e certamente exige a participação dos entes próximos para a melhora.
Diferente do abuso de substâncias, os transtornos alimentares ainda são encarados como frescura e tentativa de chamar a atenção. Contudo, comparado a outros transtornos psiquiátricos a anorexia nervosa apresenta maior taxa de mortalidade*. Falando de modo mais direto, muitos ADOLESCENTES PODEM MORRER SE NÃO TRATADOS DA ANOREXIA. Os transtornos alimentares são tão perigosos quanto abuso de substâncias e a família precisa estar consciente.
*HERZOG, D., EDDY, K. T. Diagnóstico, epidemiologia e curso clínico dos transtornos da alimentação. In. Manual clínico de transtornos da alimentação. YAGER, J., POWERS, P. Porto Alegre: Artmed, 2010.
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